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Frente Parlamentar debate ações contra as queimadas em Ribeirão Preto

Participaram da audiência pública autoridades do Legislativo, Executivo e sociedade civil organizada
Frente Parlamentar debate ações contra as queimadas em Ribeirão Preto

O período prolongado de estiagem, que vem deixando muitos moradores do estado de São Paulo sem água nas torneiras, também preocupa especialistas do meio ambiente pelo alto número de queimadas na região de Ribeirão Preto.

O fato de o clima estar mais seco em 2021 e da estiagem estar muito mais prolongada favorece ao aumento de focos de incêndio, já que em um clima mais seco como esse o fogo se propaga com mais rapidez.

No sentido de debater soluções para esse problema que se apresenta todos os anos na região, a Câmara Municipal realizou na manhã de hoje (23), reunião da Frente Parlamentar contra as queimadas, da qual participaram o presidente do Legislativo, Alessandro Maraca (MDB), os vereadores Duda Hidalgo (PT), Marcos Papa (Cidadania) e Zerbinato (PSB), além de representantes do Poder Executivo.

"A gente sabe que esse é um assunto que compete em uma fase preliminar à Secretaria do Meio Ambiente, mas também à Secretaria de Fiscalização Geral, principalmente com respeito aos resíduos sólidos do perímetro urbano que muitas vezes são queimados", disse o presidente do Legislativo.

O diretor da Fiscalização Geral de Ribeirão Preto, coronel Antonio Carlos Muniz explicou que grande parte dos incêndios é provocada por ações humanas, e no perímetro urbano há muitos focos nos terrenos baldios, provocados por pessoas na queima de resíduos e mato seco.

"Nós temos em Ribeirão Preto praticamente 60 mil terrenos, por isso fiscalizamos através de mutirões, mas precisamos da consciência das pessoas de que os terrenos têm de ser cuidados. Muitas pessoas preferem colocar fogo e queimar todo o mato pra não ser multado, do que contratar um profissional para fazer o serviço adequado", afirmou.   

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil teve em 2020 o maior número de focos de queimadas em uma década. No ano passado, o país registrou 222.798 focos, contra 197.632 em 2019, um aumento de 12,7%. Por isso, apenas proibir o uso do fogo na época mais seca não tem funcionado, sendo necessário instituir regras para adaptar o uso do manejo do fogo ao cenário de mudanças climáticas globais, que podem ser permanentes.

O vereador Marcos Papa ressaltou que o uso da tecnologia pode representar soluções de prevenção. "Em uma cidade com 700 mil habitantes o prefeito precisa contratar serviços de inteligência que podem ser feitos por satélite. O INPE tem o sistema DETER, que mostra em tempo real onde está pegando fogo. São José dos Campos contratou um satélite que custa 800 mil reais por ano, mas fiscaliza tudo relativo à invasão de área de proteção permanente e focos de incêndios para a brigada agir imediatamente. O prefeito precisa acordar e colocar Ribeirão no século 21", afirmou.

Para o presidente Maraca "a falta de investimento tecnológico é algo que precisa ser corrigido, mas acredito que ainda seja um erro não termos um plano municipal de prevenção e combate a incêndios, por isso estamos aqui".

A Frente Parlamentar contra as queimadas pretende nos próximos encontros ouvir representantes do Corpo de Bombeiros, Guarda Civil Metropolitana, polícia ambiental, Cetesb e Sindicato Rural.

Texto: Marco Aurélio Tarlá (MTB 64.025/SP)

Fotos: Thaisa Coroado (MTB 50170/SP)